Atendimento: Segunda a Sexta | 08:30 às 17:30 Fixo e WhatsApp: (51) 3333-1291 E-mail: crefono7@crefono7.org.br Razão Social: Conselho Regional de Fonoaudiologia 7ª Região CNPJ: 05.379.164/0001-95

DIA MUNDIAL DA MOTRICIDADE OROFACIAL

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“Língua presa, funções orofaciais prejudicadas” Franklin Susanibar Ricardo Santos Irene Marchesan Analisada anatomicamente, a língua é uma estrutura muscular recoberta por mucosa, apresentando, em sua face ventral, uma prega de membrana mucosa denominada frênulo da língua1-2. A língua humana é um órgão extremamente complexo, estando ainda em estudo. As evidências que se tem até o momento nos levaram a compreender algumas peculiaridades dessa estrutura que até há alguns anos atrás não se tinha conhecimento. Hoje se sabe que a língua humana é considerada um hidróstato muscular, e por isso seu volume é constante, tem suporte próprio por meio de sua musculatura intrínseca e uma capacidade de realizar uma variedade de movimentos muito maior que um sistema muscular esquelético3-4. Além disso, a língua humana possui fibras mais fibras musculares do tipo I em indivíduos que já desenvolveram a fala, sendo que a quantidade dessas fibras varia de acordo com a função de cada músculo da língua5. Também é relatado que os músculos extrínsecos ajudam a posicionar adequadamente a língua na cavidade oral. Se a língua está posicionada mais para trás, ocluirá parcial ou totalmente a cavidade faríngea. A obstrução da faringe pel a língua é uma das causas da apneia obstrutiva do sono3. Esses conhecimentos auxiliaram os profissionais a compreender melhor esta estrutura, facilitando sua avaliação, bem como o diagnóstico das suas alterações. Nesse contexto, uma das estruturas que ganhou importância nas últimas décadas e vem sendo estuda mais detalhadamente é o frênulo da língua. O frênulo da língua é uma pequena prega de membrana mucosa que conecta a língua ao assoalho da boca1-2. Esta estrutura é constituída por mucosa e revestida por um epitélio estratificado pavimentoso, cujas células da camada mais superficial mostram-se nucleadas e com alguns grânulos de queratina no citoplasma. Essas características são comuns à mucosa de toda a cavidade oral6. Entretanto, existem algumas particularidades nos diferentes tipos de frênulo, sendo que na anquiloglossia, o frênulo lingual possui fibras colágenas do tipo I, presença de fibras musculares, bem como fibras elásticas agrupadas em feixes e próximas ao epitélio de revestimento. Essa constituição histológica não permite que o frênulo se rompa sozinho ou seja alongado por meio de exercícios7. Baseada em estudos de embriologia, Knox8 relata que anquiloglossia é uma anomalia oral congênita, que ocorre quando restos remanescentes de tecido, que deveriam ter sofrido apoptose durante o desenvolvimento embrionário, permanecem na face inferior da língua, restringindo seus movimentos. Quando um bebê nasce com o frênulo lingual alterado, essa alteração permanecerá para o resto da vida, porque o frênulo não modifica seu tamanho, nem sua fixação ao longo da vida9. Quando um frênulo está alterado, dificulta a mobilidade da língua, especialmente do ápice e, por conseguinte, muitas vezes, as funções de sucção, fala, mastigação, higiene oral, deglutição e respiração podem ficar comprometidas10-15. Para determinar se um frênulo alterado está ou não comprometendo as funções orofaciais é importante que se avalie as variações anatômicas do frênulo, bem como os movimentos da língua durante essas funções. É um conjunto de características que leva ao diagnóstico das alterações do frênulo lingual. Por isso a importância da elaboração e validação de protocolos específicos para avaliar essa estrutura, na área de Motricidade Orofacial16-19. A Motricidade Orofacial é o campo da Fonoaudiologia responsável pelo estudo, pesquisa, prevenção, avaliação, desenvolvimento, habilitação, aprimoramento e reabilitação das alterações congênitas ou adquiridas do sistema miofuncional orofacial e cervical, assim como das funções de sucção, mastigação, deglutição, respiração e fala, desde o período gestacional até o processo natural de envelhecimento20-21. Sendo assim, o especialista em Motricidade Orofacial está capacitado para avaliar tanto a morfologia do frênulo lingual como as funções orofaciais. Caso as funções estejam comprometidas por causa da limitação dos movimentos da língua ocasionadas pelo frênulo lingual alterado, o especialista não poderá reabilitar as funções sem que o frênulo lingual se liberado, uma vez que o frênulo lingual não modifica o tamanho e o comprimento por meio de exercícios7,22. Nesse sentido, os coordenadores internacionais e nacionais do DIA MUNDIAL DA MOTRICIDADE OROFACIAL, decidiram propor para o ano de 2017 o tema: “Língua presa, funções orofaciais prejudicadas”. Em 2016, o tema escolhido foi: “Respirar: já parou para pensar?”23. No mês de comemoração houve a participação de profissionais, sociedades, entidades e universidades da Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, França, Grécia, Itália, Japão, México, Peru, Portugal, Rússia, Espanha, Estados Unidos e Venezuela. Todas as atividades foram registradas na página http://www.womsd.com/24. Esperamos que muito mais pessoas, instituições e países se unam para a difusão do Dia Mundial da Motricidade Orofacial em 2017. Este tema: “Língua presa, funções orofaciais prejudicadas”, tem os seguintes objetivos: Conscientizar a população sobre a importância do trabalho do especialista em Motricidade Orofacial, ao avaliar e orientar as pessoas com frênulo lingual alterado. Conscientizar sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoce das alterações do frênulo lingual. Conscientizar tanto a população quanto os especialistas em Motricidade Orofacial e outros profissionais afins que o frênulo da língua não pode ser alongado ou modificado por meio de exercícios. Fomentar a necessidade de um trabalho transdisciplinar para orientar adequadamente o paciente com frênulo lingual alterado. O convite está feito! O êxito desse dia só depende da participação de cada um dos profissionais que trabalham nesse âmbito! REFERÊNCIAS Kenneth NA. Mosby’s medical, nursing, e allied health dictionary. 5th ed. St Louis: Missouri; 1998. Singh S, Kent RD. Dictionary of speech-language pathology. San Diego, Califórnia: Singular’s; 2000. Sanders I, Mu L. A three-dimensional atlas of human tongue muscles. Anat Rec (Hoboken). 2013;296(7):1102-14. Kier WM, Smith K. Tongues, tentacles, and trunks: The biomechanics of movement in muscular hydrostats. 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